7 de jan. de 2009

Sorte na dor

Ela tinha uma faca pouco amolada que roubara da cozinha e escondera embaixo do colchão. Todas as madrugadas, quando pertubada pela falta de sono e excesso de vozes, escorria as mãos trêmulas para debaixo do colchão, corria a faca pelo corpo, geralmente pelos pulsos, não como tentativas de suicído, e sim em busca da dor que a desviaria dalí por alguns minutos,e até horas se tivesse sorte. Ela preferia raspar a pele, pouco a pouco, até sangrar o suficiente, do que obter o corte de uma só vez. Talvez para passar o tempo, prolongar a dor, desenhar o corte que a acompanharia como cicatriz ao longo(ou curto) da vida, não se sabe! Depois de rasgados os pulsos, agora ela os lambia, saboreava o próprio sangue, um pouco picante, e contorcia-se com o ardor da saliva em seu corte. Sorria com o canto da boca a escuridão, para ela, não havia nada de mais seguro e vantajoso que causar a própria dor.

Um comentário:

Café no sangue cura. disse...

Obscuro e lascivo.
Suas palavras berram, são lindas.

nao sabia do teu blog :/
:**

gostei daqui!