4 de abr. de 2012

Minha amiga

Com suas mãos amarradas, precisava de uma mãozinha
E foi com generosidade que a ajudei usando não só uma,
e sim minhas duas mãos para empurrá-la rio adentro
Ela mergulhou com peixinhos e lá ficou, de mão (utilmente) atadas.

Não sendo

Abro a janela para ver se enxergo
o bonito do mundo
para ver se enxergo
Abro(me) para ver se fujo
ver se surjo
bonito pro mundo

9 de jan. de 2012

Ontem

Ele não liga...

Não vem.

Ela liga mas, já não está.

Nem vem.

Estou.

Sala,

quarto,

pequeno banheiro,

quintal;

imenso céu, vento, chão,

demodê tempo de só estar.

27 de ago. de 2011

Não há necessidade de coleira.


Não?
Não... e não.
E...
Não há!
Ah..
Não dá.
Não vá.
Não há necessidade.





11 de ago. de 2011

Literária

A parte marrom do seu corpo
Respiro com a ponta dos dedos
Com a ponta da língua
A beira do gozo.

4 de abr. de 2011

IN

E soube que haveria de aceitar parar sempre o Eu princinpal, e seria longa. Construiu-se, costurou-se nela, aquele tal. Sempre cômodo "Eu tenho eu", sem constrangimento, sem peso, sem dó, sem pudor. Se aprendera, se conhecia, se tinha "Eu sou eu e minha sou". Essa conclusão a tomara por um prazer, um pré-gozo destas certezas. Descoberta inesquecível, inabandonável e I-MU-TÁ-VEL.
Já se podia galopar no ser, conhecia as manhas de segurar as rédeas, embora sempre as deixasse soltas. Já se podia ir, embora nem sempre fosse, ou se fosse, nunca lhe era exato pra onde estava indo. Já se podia, se permitia. Nada de guardar, poupar, economizar... Não se continha; um, dois, tês segundos de razão e BUM!, já se podia extravasar de novo.
Essas semanas, procurou-se nos retratos, cheiros, lembranças do antes de ser; Os encontrados resumiram-se e alongaram-se numa imensa brancura, clara... claríssima, térmica e macia de um conforto culposo e angustioso. Sussurrou muda:" Foi-se! ... " . Não era difícil, não necessitava de drama. Ela já se era e pronto, e tinha certeza da bondade disso (não tinha?), era intransponível. Lamentou por ter perdido-a, mas e daí? Era inútil, e não doeu, talvez ela não fosse tão preciosa assim...
Enfim, já havia tornado-se, jamais poderia desfazer-se e refazer-se na antiga esquecida.

18 de jan. de 2011

Te enlouqueço

Finjo que te amo somente em alguns dias,
como se não te amasse em todos.