23 de set. de 2009

Como...?, e se...? Como a si? ...


Enchia-se de secar-se de tristeza, quieta falta de expressão e sussurrante de um futuro morno com dados não jogados já programados e vitórias coloridas escancaradas com gosto aguado de "Eu posso!". Hospedeira de icebergs, nada ou qualquer coisa era incomoda, tanto fez dia ou noite, um arrogante tanto faz. Tão apática...
Corrige-se; muito ali a encantava por trás das grades, hoje ri-se curiosa dos encantos intocados. Corrige-se; não foi por impossibilidade de condução do outro e sim por franca e incontestável possibilidade dela. Paradoxos como ir, continuando aqui e respirando eu nunca pude ir. Os dias foram estourando, explodindo, não a mesma explosão de delícia no centro da língua ao estalar dos açúcares de felicidade instantânea, e sim explosão inutilmente destrutiva e deficiente de escrita. Espaçoso e acomodado descaso do estar. Trair-me nessa coisa toda. Uma infinita corda tremula pra eu caminhar- estou tonta. Um processo de vigília de mim mesma, à procura dos porquês. Os olhos lambendo o chão clarinho e odorizado pelo perfume das flores separadas de seus espinhos. Já não havia em quê se machucar, como poderia então...?! Inventaria motivos torturantes e fabricaria dores sem essência tingindo de cinza a estadia ensolarada?!...
Psicopata quem empurrava-a em direção ao penhasco mais alto da região de aspirais, prometendo na ponta um abraço consolador de uma amiga solução. Até que em lúcido e rítmico descontrole fez-me despencar. Eis a enganadora, agora assassina - psicopata sintuação.
O despencar foi surreal de calmaria, de deixar o rosto liso e olhos moles. Nos sopros de vento daquela altitude vertical, agitavam-se furiosas as mechas de seus cabelos e também em tensão as prateleiras de sua vastidão de lembranças que tremiam em taquicardia, medrosas de acabarem-se no fim. As mãos já nem suavam mais e os pés eram livres fitas sobre o céu azul simples borrado entre o penhasco e o ansioso chão de "Pare!". Havia algo interessante no ar sem força e sem cor, além do fato de estar prestes ao fim e ainda ser tomada por uma sensação de começo desprendido que lhe gargalhavam os olhos rijos. Era um triturar impossível de suas verdades, chacoalhavam epilépticas, mutilando umas as outras. Percebia-se esquisita e preciosa, como se não lhe merecesse o mundo, só ela merecia ela mesma. Como se todos a precisassem,
mas ela desprecisava dela própria.

"Por mais que eu tente, são só palavras
Por mais que eu me mate, são só palavras"

(Aydar)

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