26 de jul. de 2010

- Toca pra mim?



Fazia frio em nosso sofá, mas o frio que me embalava era 13 vezes maior que no resto da cidade. Era profundo. Ardia e trincava. Seus olhares que, na minha posição eu não via, mas sabia que timidamente me miravam. Penetravam. As canções que me invadiam. Violavam meus escudos. Desarmavam. A voz doce que pairava pela sala, sangrava no ar e coagulava no peito. Doía no silêncio da minha garganta. Doía no corpo inteiro. E pela porta, eu via o céu nublado. Cinza. Neblina... As bandeirinhas que agitavam-se entre os postes. Não existia a luz. Não haviam sombras. Eu enxergava. Respirava fundo, cinzas e medos. Chicoteava. Engolia à seco desavergonhadas lembranças. Reprimia. Desciam resistente e rasgando. Entalavam. De volta a sala, deitar bem perto de seus joelhos. O som do violão que, tal qual você (involuntariamente) que me fere e vigora. Fixa a metáfora. A simplicidade da fotografia nos códigos do escondido.

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