19 de out. de 2009

PõeSI(a)!


Minha poesia não espera, é pressa.
Sem tempo, relógio ou rumo.
Sem convite ou permissão. É invasão.
Constrói, escala e joga-me contra meus próprios muros.

Minha poesia não é minha, é própria dela.
Engorda-me de sentir, acorrenta-me nela. Tortura-me, tortura a ti.
A qualquer um arrasta até a cela e sela.
Ela me beija, me abraça, me despe a razão.
Me come e mastiga por dias e noites até cuspir-me nua no chão.

Minha poesia não é dispersa
Ela é de céu, de terra e de debaixo dela.
De folhas secas e(m) raízes.
De minha salivas, sal e cicatrizes.

Vem do raso, do fundo e do ainda mais profundo.
Do todo nada e todo tudo.
Do enorme e do miúdo.
Cabe a mim, cabe a ti, cabe a nenhum e a qualquer um.
É de todos os propósitos mas sem propósito algum.
Vem das entranhas oculares, dos perfumes genitais,
das imagens surreais.

Minha poesia não tem porquê poetizar.
Ela é subliminar, fogosa, meramente vulgar e imoral.
É uma imundice desleal.
Do meio das pernas, de dentro da boca; Gôzo!
Gôzo quente de palavras. Ejaculação precoce.
Poesia animal em meu ver mais racional.

4 comentários:

Pequen(A)mar disse...

e se a poesia acaba e só resta a prosa?

Fernandes disse...

Prosa também é poesia.

Fernanda Protásio disse...

Quem está morto não respira...
E eu achando que a morte era uma forma poética de viver...

Mandy disse...

você é genial.